O que é a Salvia e os seus efeitos

by Pipa 8/16/2018 O que é a Salvia |  Salvia |  Usar Views 832



Salvia divinorum
é uma planta perene de folhas verdes e suaves que pertence às espécies da salvia e à família designada de Labiatae.

A salvia pode crescer até um metro de altura. A cor das folhas vai do verde claro ao verde escuro e estão cobertas de pelos finos. As folhas podem atingir os 20 cm de comprimento e os 10 cm de largura.

A salvia é endémica à região mexicana de Oaxaca, onde cresce naturalmente na floresta tropical de da Sierra Madre, entre os 300 e 1800 metros de altitude.

Com uma área endêmica tão pequena, a Salvia divinorum é um dos enteógenos completamente naturais mais raros.

Embora a documentação sobre o uso da salvia seja escassa, acredita-se que o uso da salvia remonta ao Aztecas, que usavam em rituais uma planta a que chamavam “pipiltzintzintli”, de uma forma bastante semelhante à utilização dos cogumelos de psilocibina. Muitos autores acreditam que esta planta é de facto salvia divinorum.

Os shamans dos Mazatec usavam salvia divinorum em rituais divinatórios e curativos, muitas das vezes em substituição dos cogumelos mágicos. O nome divinorum é um reflexo do seu uso em rituais divinatórios para encontrar as causas de uma doença.

A famosa Maria Sabina refere que em alturas em que não havia cogumelos mágicos disponíveis, ela recorria à hierba de la pastora (aka salvia) para rituais terapêuticos.

Uma das primeiras referências à salvia no mundo ocidental foi na década de 30, por  J. Johnston, quando este estudava o uso de cogumelos mágico no México.

A partir de 1951,  Gordon Wasson continuou a documentar o uso da salvia, confirmando em 1962 os seus efeitos psicoactivos, ao experimentá-la ele próprio. Gordon trouxe  nesse mesmo ano um corte de salvia, que levou à sua primeira descrição botânica por Carl Epling.

INGREDIENTES ATIVOS

A composição química da salvia só foi clarificada na década de 80 quando Alfredo Ortega isolou pela primeira vez a salvinorin. Dois anos mais tarde Leander Valdés isolou o mesmo composto em conjunto com os seu derivativo desacetilo, denominando-os de divinorum A e B. Como Ortega foi o primeiro, a sua designação teve prioridade e, a partir daqui, estes compostos passaram a ser conhecidos como salvinorin A e salvinorin B.

Mais tarde salvinorin C e loliolide foram também isolados como compostos presentes nas plantas de salvia.

Salvinorin não são alcaloides, como as maioria dos psicadélicos mas, diterpenos.

A salvinorin A é responsável pelos efeitos psicoativos da Salvia, e não é relacionados com qualquer droga psicoativa , já que não interage ou afecta os mesmo receptores que a maioria das substancias da classe dos psicadélicos.

Embora os seus efeitos psicoativos fossem conhecidos, a acção química da salvinorin A permanecia um mistério. Foi só em 2002 que foi estabelecida, pelo Grupo Roth, a conexão da salvinorin A como agonista do sistema kappa-opioide.


EFEITOS

Como referido anteriormente, a  salvinorin A é responsável pelos efeitos psicoativos da Salvia. A maioria dos utilizadores descrevem os seus efeitos como únicos e não comparáveis a qualquer outra planta/droga psicoativa, e até mesmo a sua comparação com as experiências visionárias do DMT não é totalmente correta.

Os efeitos mais comuns descritos pelos utilizadores de salvia são:

  • perca de controlo motor e coordenação física
  • riso incontrolável
  • visões
  • perca da consciência de individuo e individualidade
  • realidades sobrepostas – sensação de estar em vários sítios simultaneamente
  • sensações de movimento como ser puxado, torcido ou estar a voar
  • sensação de viajar para outro tempo e lugar
  • perceção curva do espaço
  • tornar-se num objeto como uma mesa ou uma cadeira
  • forte ligação a algo maior e sentimento de compreensão profunda
  • visões de padrões e formas tipo cobra
  • sentimento de confusão
  • sensação de fazer parte de um campo de energia
  • sensação de estar debaixo de água ou da terra
  • alteração da perceçao do espaço que nos rodeia
  • experiência “fora do corpo”


Estes efeitos são os mais frequentemente descritos e não acontecem todos em simultâneo.

Como com todas as substancias, a intensidade e a duração dos efeitos é proporcional à dose tomada e ao método usado para tomar, os efeitos podem ir do leve e subtil com uma dose baixa, até extremamente fortes com doses altas.

A Salvia raramente produz efeitos adversos, existindo escassos relatos de pessoas que sentiram tonturas umas horas após terem consumido salvia. Algumas pessoas descrevem um sentimento de paz depois de os efeitos primários terem passado, havendo mesmo utilizadores a referir sentirem um sentimento de bem estar geral nos dias seguintes à experiência com salvia. Não existem relatos de efeitos negativos de ressaca depois de fumar salvia.

A salvia não causa habituação, por isso não será sentida um impulso de voltar a tomar non-stop.

Os efeitos são de curta duração e voltarás ao “normal” rapidamente. Por isso, em caso de umas experiência menos agradável, esta acabará depressa.

Daniel Siebert, um reconhecido investigador de salvia há mais de 20 anos, criou a S-A-L-V-I-A, uma Escala de Efeitos, para mostrar a variedade e intensidade de efeitos que podem ser esperados ao usar salvia:

  • S – Efeitos Subtis: há uma sensação geral de que algo está a acontecer sem um sensação concreta.A este nível há uma aumento de relaxamento. Este nível é útil para a meditação- Há uma ligeira sensação sensual com a facilitação do prazer sexual.
  • A – Alteração da perceção: cores e texturas mais pronunciadas. Alteração da perceção do espaço sem visões. Pensamento torna-se menos lógico e mais “brincalhão”.
  • L – Leve estado visionário: visuais de olhos fechados com fratais e padrões geométrico tipo videira e visões de objectos. As visões são percepcionadas e não são confundidas com a realidade.
  • V – Visões Vividas: complexas cenas tri-dimensionais ocorrem. Com os olhos fechados perde-se a ligação à realidade e entra-se num estado sonhador. A este nível estás num sonho e acredita-se que as visões são reais enquanto se mantiver os olhos fechados. Podes viajar para terras de fantasia ou reais, encontrar seres ou mesmo viver a vida de outra pessoa.
  • I – Existência Imaterial: a este nível perde-se a consciência do próprio corpo. Embora se mantenha alguma consciência, uma pessoa envolve-se totalmente nas experiências interiores e perde o contacto com a realidade. Há sentimentos de fusão com a divindade ou objectos. É impossível funcionar na realidade consensual e ter qualquer interação social.
  • A – Efeitos Amnésicos: normalmente perde-se a consciência total a este nível. As pessoas podem-se manter imóveis ou cair. Ausência do sentimento de dor, uma pessoa pode-se magoar sem sentir dor. Ao voltar à realidade não haverá memória da experiência ou do que se fez. Este é um nível de profundo estado de transe e não é o mais desejável, já que uma pessoa não tem qualquer memória da experiência vivida.


Como planta medicinal, há relatos de a salvia ser usada pelo Indios da região de Oaxaca para tratar:

  • distúrbios urinários e de defecação
  • dores de cabeça
  • reumatismos
  • anemia


A Salvia não é uma droga de festa e não deve ser usada com o intuito de interação social. Recomendamos ler sobre o Uso Seguro de Salvia e respeitar as dosagens para poderes desfrutar de uma agradável experiência.


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